segunda-feira, 7 de outubro de 2013

E o povo, pá?

Marco D’Eramo, em ensaio na New Left Review, originalmente publicado na revista italiana MicroMega, explora a história de um conceito plástico – o de populismo –, cujos usos e abusos não cessam de se multiplicar, dizendo mais sobre os objectivos, geralmente pouco recomendáveis, de quem o usa do que outra coisa. É que estamos “num momento histórico em que o mundo desenvolvido está a avançar para um despotismo oligárquico (…), quando políticas antipopulares são impostas, ao mesmo tempo que a palavra povo é eliminada do léxico político, e quem se lhes opõe é acusado de populismo”. As palavras são mesmo armas políticas e o populismo é uma arma usada cada vez mais para limitar o campo das alternativas, para limitar a democracia e o protagonismo popular, indispensáveis também para a defesa dos direitos sociais: “Querem saúde para toda a gente? São populistas. Querem que a vossa pensão acompanhe a inflação? Que cambada de populistas! Querem que as vossas crianças possam ir para a universidade sem carregar um fardo de dívida para o resto da vida? Bem me parecia que são populistas encapotados! É assim que os cortesãos da oligarquia denunciam qualquer reivindicação popular. E, mesmo quando esvaziam a democracia de qualquer conteúdo, acusam todos os que se lhes opõem de ter ‘instintos autoritários’”. Sem receio de se ser apodado de populista, isso é inevitável, é também de povo e da sua unidade política, de soberania popular, que se tem de voltar a falar cada vez mais.

1 comentário:

Anónimo disse...

Qual a culpa de um aluno carenciado para que, em razão das dividas fiscais dos seus pais, não lhe seja atribuída uma bolsa de estudo?

Se a um aluno carenciado, em razão das dívidas fiscais dos seus progenitores, é lícito negar uma bolsa de estudo, por maioria de razão aos sócios da SLN, sociedade detentora de 100 % do capital social do BPN, também poderá ser cortado alguma coisa…

Fosse eu aluno universitário, chamaria à razão o Governo com a discussão do que então cortar aos sócios da Sociedade Lusa de Negócios … nunca cotada em bolsa, holding de um grupo que se financiava no BPN, que muito provavelmente ficará para a história como a maior fraude da 3.ª República, em razão da sua magnitude cujo impacto nas contas públicas ainda hoje não é possível determinar completamente.