sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Patinagem na maionese

Fonte: INE, Empresas em Portugal
Passos Coelho - e o CDS - têm uma enorme dificuldade em conseguir passar a sua visão estratégica para o país.

Na entrevista ontem dada à TSF, o ex-primeiro-ministro finalmente explicou a razão por que, no final do seu mandato, incluiu o valor de 600 milhões de euros de cortes das pensões, na proposta de OE.

Foi para conseguir a tão almejada sustentabilidade da Segurança Social como alegou o CDS? Era a tal componente da reforma da Segurança Social que Maria Albuquerque disse que era para negociar com o Partido Socialista? Não, não era nada disso:

"Não se trata de ter uma poupança de 600 milhões... Isso foi um valor que, na altura da Troica, era necessário do lado das contas públicas para fechar o objectivo orçamental"
Ou seja, foi um expediente orçamental que não tinha qualquer visão estratégica por detrás. Maria Luís Albuquerque, Cecília Meireles, Passos Coelho, todos aceitaram fazer esta brincadeira: prometer baixar artificialmente o défice que se pretendia atingir e que não se sabia como, atirando a responsabilidade para a oposição... sobre como cortar nas pensões, única reforma que sabiam fazer.

E por estranho que possa parecer, o site da TSF voltou ontem à carga com um título que é uma repescagem da asneira que tentaram passar, mas com dois anos de idade: "Cortar 600 milhões na Segurança Social? É preciso fazer alguma coisa".

Mas esta falta de visão estratégica é ainda mais clara quando Passos Coelho não consegue conciliar os seus "êxitos" na reforma laboral (mais cortes nos rendimentos) com, nomeadamente, o problema da sustentabilidade da Segurança Social.


Desde 2008, Portugal perdeu quase 600 mil postos de trabalho aplicando as "receitas" europeias para a dita reforma estrutural do mercado laboral que Passos Coelho e o CDS abraçaram. Caso o emprego se tivessem mantido ao nível de 2008, a Segurança Social teria recebido mais 5,6 mil milhões de euros até 2015.

Contra-argumento nº 1: Ah, mas houve uma crise internacional em 2008/09.
É verdade. Então, caso o emprego se tivesse mantido ao nível de 2010, a Segurança Social teria recebido até 2015 mais 2,3 mil milhões de euros!

Contra-argumento nº2: Ah, mas após 2013, recuperou-se no emprego.
É verdade, mas ainda não se recuperou o suficiente. Fazendo contas ao período de 2013 a 2015, e a partir das Estatísticas Empresas em Portugal do INE, recuperou-se apenas 37 milhões de euros de receitas da Segurança Social. Em 2013 e 2014, as receitas não ultrapassaram os valores de 2012.

A asneira cometida com a política seguida foi de tal ordem que a mão teve de ser emendada pelos seus próprios autores. Mas já era tarde. Ficou, no entanto, em vigor (ainda hoje!) a famosa reforma laboral de 2012 que resultou numa quebra de rendimentos salariais - e, com eles, de descontos sociais para a Segurança Social. Uma reforma em tudo ajudada pela existência em 2012 de 1,5 milhões de pessoas subutilizadas (para usar a terminologia do INE), um real exército de reserva que comprimiu os salários dos novos contratos de uma forma nunca vista.

E depois disto releia-se a entrevista de Passos Coelho: (11'50'' da entrevista na íntegra, ao fundo da notícia):
É importante que as pessoas não percam de vista que o PSD não troca as suas ideias quanto à estratégia que defende para o país, só pelo facto de estar na oposição. Nós temos um rumo, uma estratégia para o país que não se confunde com a do Governo do PS e da extrema-esquerda. A nossa principal missão é a de poder dizer aos portugueses que não temos apenas de aproveitar a boa maré que vem da Europa e algumas condições favoráveis que resultam de reformas que já fizemos no passado. Precisamos de preparar o futuro.
Como diria Eça de Queiroz: "Temos homem!" (e mulher!)

17 comentários:

Anónimo disse...

Na mouche

Jose disse...

Estratégico mesmo são cativações e perdões fiscais.
Isso sim, é visão de futuro!
E quem disser o contrário não tem discernimento estratégico e não só é incompetente para avaliar a Geringonça como nem sabe onde está a mouche.

Anónimo disse...

Há que fazer alguma coisa? Pois eles fazem a única coisa que sabem fazer: praticam a saudável e inteligente corridinha para o fundo do poço ao mesmo tempo que convencem a populaça de que a maratona empobrecedora a levará ao Olimpo onde brota o leite e o mel.
Quanto ao Messias de Massamá - o tal que ressuscitou ao terceiro dia e, em vez de subir aos Céus onde repousam os queridos líderes defuntos, não mais nos deixou de encher a paciência com o seu oco, rotundo e inapelavelmente coxo verbo - ele tem a estratégia pessoal e intransmissível que sempre teve: fazer do seu triste percurso político um "case study" do que é a consubstanciação do mercenarismo de uma classe política vendida aos seus donos do capital transnacional.

Anónimo disse...

Jose tem uma enorme dificuldade em conseguir dar uma resposta de jeito ou um argumento sequer ao que se denuncia e expõe

O que há-de fazer o pobre coitado se não bramir a idiotice das cativações e dos perdões fiscais que idiotamente alguém responsabilizava pela "não vinda do diabo".

Na mouche mesmo.

A prova? É esta pobreza confrangedora dum moinante em apuros..

( Esse génio de nome Passos Coelho deixa escola. Que miséria)

Anónimo disse...

Veja-se o silêncio verdadeiramente aflito e inquieto dum tal Jose sobre o denunciado no post.

Um verdadeiro malabarista no escorregar na maionese. Tal como Passos Coelho, aquele aldrabão do " Isso foi um valor ...para fechar o objectivo orçamental" dito daquela forma tão ...expressiva

Como diria Eça de Queiroz: "Temos homem!" (e mulher!)

Jose disse...

É evidente que eu preferiria que que a intenção fosse séria e ele catasse umas pensões majoradas que eu tenho que pagar em impostos.
Algo muito igualitário como: capitalizamos os descontos e garantamos um RSI ou RBI ou outra mama qualquer a todos; a seguir acresçamos um bónus percentual único de modo a diminuir a mama geral em 600 milhões.

Mas então o homem diz que só queria enganar Bruxelas e depois se veria?
Isso, admito, para geringonços é inadmissível; agora até vão além do que prometem tão veneradores que são das regras europeias.
Treteiros sempre!

Anónimo disse...

O moinante aparece agora depois de ser repreendido pelas suas baboseiras e pelas suas tretas.

Herr jose é assim. Primeiro desconversa. Depois assume o papel de "coitadinho" incompreendido
quando colocado em cheque e em apuros.

As similitudes com aquele génio de nome Passos Coelho são por demais evidentes.

Anónimo disse...

Mas a desonestidade de herr jose não se resume às tretas que enuncia para ver se se desvia do que se debate.

Continua no próprio terreno para onde resvala herr jose. Perante a denúncia de estarmos
perante um verdadeiro aldrabão ( falamos naquele génio de nome Passos Coelho) e de o mesmo aldrabão ser afinal uma fraude intelectual, o que começa por fazer herr jose?

O costume...atira para o lado e, naquele seu jeito trauliteiro e à mama, fala em pensões majoradas ( de Assunção Esteves? De Barroso? De António Borges, dos múltiplos boys e girls?), fala nos seus impostos ( naqueles que defende serem transferidos para os offshores?), fala do RSI ou RBI, fala nas mamas, fala nos bónus e de novo fala nas mamas.

O que se passa?

João Ramos de Almeida disse...

Caro José,

A melhor resposta em contra-pé é mesmo aceitar as coisas, sem rancores. Foi assim. A teoria falhou, os malabarismos políticos para justificar 600 milhões de euros não seram senão isso, enganando Bruxelas, mas enganando sobretudo cidadãos. E isso já diz muito, não é?

Quanto ao futuro, tem razão. Há uma gestão endurecida das metas orçamentais como Bruxelas gosta. Mas isso até o devia agradar, pelo menos a julgar pelas suas posições: Nem vejo porque critica tanto. Mas cá estaremos todos para ver no que vai dar. Eu tenho muitas reticências que tenha - a prazo e estrategicamente - bons resultados.



Anónimo disse...

O que se passa é que herr jose tem que defender aquele verdadeiro génio de nome Passos Coelho. As afinidades ideológicas, filosóficas, pessoais, de ser e de estar a isso o obrigam.

Primeiro herr jose disse tretas. Depois espingardeou para o lado. Acossado, guarda a sua única carta a favor de Passos Coelho com esta frase verdadeiramente surreal:

"Mas então o homem diz que só queria enganar Bruxelas e depois se veria?"

Pobre Passos, assim também nesta sua face de "coitadinho"

Quando se denuncia que a inclusão do valor de 600 milhões de euros de cortes das pensões, na proposta de OE não teve nada a ver com a tão almejada sustentabilidade da Segurança Social. Quando se denuncia que nem era a tal componente da reforma da Segurança Social.Quando taxativamente se prova que aquele verdadeiro génio de nome Passos Coelho usou afinal um expediente orçamental que não tinha qualquer visão estratégica por detrás...

o que vem dizer herr jose?
"O homem só queria enganar Bruxelas e depois de veria"

O discurso de "rigor", de "coragem", de "coerência", das múltiplas tretas com que os neoliberais enchem a governança de Passos Coelho cai por terra desta forma tão inglória.

O discurso do próprio Passos, aqui denunciado pelo João, assume a face duma máscara hilariante, idiota e mentirosa:
"Nós temos um rumo, uma estratégia para o país A nossa principal missão é ...reformas que ... Precisamos de preparar o futuro"

É afinal um aldrabão (aquele génio de nome Passos Coelho) que afinal nas palavras de herr jose apenas quer enganar Bruxelas.

É demasiado mau para ser realidade.

Compreendem-se os esforços de herr jose para dizer, primeiro tretas, depois sacudir para o lado e finalmente concluir, involuntariamente é certo, que o boss é apenas um mentiroso e um aldrabão

Anónimo disse...

A 29/09/2015 às 18:07,em vésperas da derrota do governo de Passos Coelho, Jose dizia isto:
"Talvez mais útil fosse continuar com a troika"

Agora vem defender de forma indirecta, que a troika, Bruxelas, era para "enganar". Depois se veria

O que diria o jose de Setembro de 2015 se alguém defendesse que a Troika era mesmo para enganar?

Denunciava feito lampeiro o "enganador" da sua paixão. E invectivava de cabeça perdida quem assim agisse para os sacrossantos credores

Jose disse...

Caro João,
Enganando cidadãos...
É uma prática secular com excessos histriónicos desde há 43 anos.
A versão mais original é enganá-los para perder votos. Um tanto original, convenhamos.

A questão essencial mantém-se: as pensões só são sustentáveis à custa das pensões futuras e do progresso presente e próximo.
Mas isso não incomoda os justiceiros deste país para quem o único direito mal adquirido é o da propriedade.

Anónimo disse...

"Enganando cidadãos é uma prática secular"

Por parte de quem? Donde a questão é mesmo continuar a enganar os cidadãos? Depois do rigor cantado pela turba?

A ponta marota dum histriónico salazarento vem depois quando este desloca a questão para os últimos 43 anos.

Saudades do cacete e do cassetete?
Do mandar matar e morrer em África?

Anónimo disse...

A originalidade da propaganda àquele génio da governança, de nome Passos Coelho vem depois:

"A versão mais original é enganá-los para perder votos".
Enganá-los? Para perder votos? Que história é esta?

Enganá-los? Seguramente que sim

Para perder votos? Nunca na vida.

Estava bem orquestrada a propaganda em torno da almejada sustentabilidade da Segurança Social. Estava bem oleada a propaganda mediática em torno da necessária reforma da Segurança Social.

Os excessos histriónicos marcavam o rumo da governança neoliberal. Papagueava-se a "questão essencial" que era sustentabilidade da segurança social", aos olhos gulosos duma direita sedenta de negócios e de ruptura com o estado social.

O cerco ao PS, as tentativas de compromisso com o PS arrastaram-se tenebrosas e constituíram motivo para campanha eleitoral suja como é próprio dum aldrabão como esse génio que é Passos Coelho. Que os projectos pafistas tenham ido pelo cano abaixo é algo que ainda surpreende os seus, que se manifestam amiúde com a geringonça encarquilhada nas fauces

Pelo que, se a memória falta, é tempo de a repor. E solicitar formalmente ao tal jose que se deixe de choradinhos hipócritas, mais uma vez a lembrar Coelho com o seu aldrabão "que se lixem as eleições"

Anónimo disse...

Uma nota quase final

A questão essencial , a que é denunciada neste post, não diz respeito "às pensões" ali focadas em termos tão genéricos pelo tal jose que tenta desta forma mistificar e aldrabar o que está em causa

A questão substantiva do post é a da denúncia da desonestidade intrínseca de Passos Coelho e de seus muchachos. Da sua aldrabice. Da sua incapacidade de governar sem ser em função dos seus interesses de classe parasitária.

A inclusão do valor de 600 milhões de euros de cortes das pensões, na proposta de OE não teve nada a ver com a tão almejada sustentabilidade da Segurança Social. Nada. Rigorosamente nada.

Tudo não passava afinal de um expediente orçamental que não tinha qualquer visão estratégica por detrás...

Anónimo disse...

Nota final

Os justiceiros de que se fala aí em cima, mais o direito mal adquirido, mais a propriedade são os registos finais a que se remete quem não diz um único argumento que seja, para alem dum néscio "O homem só queria enganar Bruxelas e depois se veria".

Uma outra forma de fuga a tentar estigmatizar quem lhe denuncia os amores e os favores.

Porque quem assim se desvia ( mais uma vez)do que se discute, é quem em 2012 gritava de satisfação:
"2012, o fim dos direitos adquiridos"

Ele lá sabia porque o fazia. Nós todos também.

Anónimo disse...

"Mas isso não incomoda os justiceiros deste país para quem o único direito mal adquirido é o da propriedade".

A questão permanece sempre incómoda. Como se concilia este direito de "propriedade" assim desta forma definido por esta gente, com o saque colonial praticado e defendido por esta mesma gente?